Seria  Lúcifer outro nome de Satanás ?



     Com certeza estes nomes não são apreciados pela grande maioria das pessoas. Existem pensamentos diferentes quanto a sua identidade. Para muitos, satanás simplesmente não existe. É algo do mundo imaginário das pessoas. Para outros, ele é considerado como um deus pelo qual deve ser adorado. E entre muitos outros pensamentos, ele é aquele que sempre tenta se opor contra Deus e a também contra o ser humano.

     Seu nome é citado  no Antigo e Novo Testamento, e conforme a Bíblia o apresenta, faremos a nossa observação.

     Declaramos logo de início, com base na Santa Palavra de Deus, que satanás não é uma lenda. Ele é real.

     Seu nome aparece em:

- I Crônicas 21.1. “Então, Satanás se levantou contra Israel e incitou a Davi a levantar o censo de Israel”.

- Jó 1.6; 2.1. “Num dia  em que os filhos de Deus vieram apresentar se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles”.

- Zacarias 3.1. “Deus me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do Anjo do Senhor, e Satanás estava a direita dele, para se lhe opor”.

    O nome Satanás vem do hebraico, “Satãn”, substantivo masculino que significa acusador.

     Em Jó, este substantivo é encontrado quatorze vezes. Satanás se apresentou entre os filhos de Deus e acusou rigorosamente a Jó de não servir e amar a Deus com sinceridade de coração, mas porque estava cercado de bens materiais.

     Em Zacarias, este substantivo aparece três vezes, onde a Bíblia declara que Satanás estava prestes a acusar o sumo sacerdote Josué.

    O nome “Diabo” vem da linguagem grega “Diabolos” no Novo Testamento. Seu significado segue o mesmo de “Satã” no Antigo Testamento, isto é, acusador.

“A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.” Mateus 4.1. (ver também Mt 4.5,8,11; 25.41; Lc 4.2,3,5,6,13; 8.12; Jo 13.2; At 13.38; Ef 4.27; 6.11; I Tm 3.6,7; 2 Tm 2.26; Hb 2.14; Tg 4.7; I Pe 5.8; Jd 9; Ap 2.10; 20.2,10).

    Estes versículos apresentam ele não apenas como acusador, mas também como:

- Adversário (Ap 12.9-10);
- Tentador (Mt 4.3; I Ts 3.5);
- Maligno (I Jo 5.18-19).

     Jesus afirmou que Satanás sempre foi assassino e que ele é o pai da mentira (Jo 8.44). Ele é identificado como a serpente que enganou Eva no Éden (Ap 12.9; 20.2). É descrito como um ser repleto de fúria e crueldade dirigidas contra Deus e a todos aqueles que seguem os seus mandamentos.

     A Palavra de Deus não faz uma apresentação completa sobre Satanás, mas nos orienta a sermos cautelosos quanto as suas obras e que estamos sempre lutando contra ele (II Co 2.11).

     No entanto, não devemos temer a Satanás, mas crermos a cada dia na Soberania de Deus.

E Lúcifer ? Qual a origem deste nome?

     A origem para o nome “Lúcifer” está na transliteração do texto bíblico de Isaías 14.12, onde lemos:

   “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que delibitavas as nações”

    A dificuldade da interpretação está na seguinte parte do texto em hebraico: “helel bem shachar” (Is 14.12).

    “Ben shachar” é simples para interpretação, pois a frase traduzida significa “filho da alva”. O termo hebraico “ben” significa “filho”. Mas e a palavra “helel”? Seria um nome?

     Vários interpretes decidiram traduzir a palavra como um substantivo.

     A mesma frase no grego corresponde a “heosphoros” e em latim “lúcifer”. Ambos os textos significam “portador de luz”.

    No comentário de Tertuliano sobre Isaías 14.12, ele declara: “Isso deve significar o diabo...”. Orígenes também identificou “Lúcifer” por “Satanás”.

     O nome da tradução da Bíblia de S. Jerônimo (383-405 d.C.) conhecida como o Vulgata Latina,   empregou o termo latino “Lucifer” (“portador da luz”) para designar “a estrela da manhã” (Vênus). Mais tarde, sugeriram que Isaías 14.12 estava falando de Satanás, onde estes nomes se tornaram sinônimos.

     A Vulgata é a tradução da Bíblia para o latim, feita no final do século IV e início do século V, por Jerônimo, a pedido do bispo Dâmaso.

     O nome se deve à expressão latina "vulgata editio", isto é, "edição para o povo". A partir do Concílio de Trento até o Concílio Vaticano II, essa tradução era a versão oficial da Bíblia católica.

     A tradução de Jerônimo contém os 46 livros do Antigo Testamento e os 27 do Novo Testamento. É composta, portanto de 73 livros.

     É compreensível entender que “helel” é um substantivo derivado do verbo “brilhar”. O idioma semítico em adição ao hebraico têm a uma forma dessa palavra onde significa “brilho”.

     Muitos interpretes entendem que o termo “Lúcifer” tem sua origem na astrologia babilônica. A “estrela da manhã” era uma das designações do rei da Babilônia, pois os povos antigos acreditavam que tais reis eram instrumentos dos deuses, como representantes entre os homens. O rei da Babilônia comparava se a tais divindades.

     Devido a influência das palavras de Isaías com os textos da mitologia pagã, fica evidente a associação entre ambas as partes.

Implicações
     Lemos em 2 Pedro 2:19: “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações”.

     Ao anjo da igreja em Tiatira, João foi ordenado a escrever o seguinte (Ap. 2:28): “E dar-lhe-ei a estrela da manhã”. Apocalipse 22:16 é mais conclusivo: “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã”.

     Não negamos a conexão de Satanás com a luz. Nem negamos que ele teve um certo tipo de queda. Observando Lucas 10:18: “Eu via Satanás, como raio, cair do céu”. Em adição, encontramos 2 Co. 11:14: “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz”. Em nenhum desses exemplos a luz é algo mau.

     No último o termo é especialmente algo bom. No livro apócrifo de Eclesiásticos (50:6), lemos que Simão, o filho de Onias, era “como a estrela da manhã no meio de uma nuvem e como a lua nos noites de lua cheia” quando ele saiu do santuário. Finalmente, havia o falso messias Bar Kochba. Seu nome significa “filho de uma estrela”. 

     Observemos simplesmente esses fatores salientes. Lúcifer é perfeitamente uma boa tradução de hll em Isaías 14:12. O significado “portador de luz” ou “estrela da manhã” é apropriado. Mas o capítulo de Isaías lida somente com a queda do rei de Babilônia e esse versículo em particular.

     Que Satanás inspirou o rei perverso enquanto ele governava todos os homens degenerados é inegável, mas isso é muito diferente de dizer que Lúcifer é Satanás. A estrela da manhã é algo belo de contemplar e tem uma tarefa mui notável nos céus, aquela de anunciar o novo dia. O rei ostentava ser tão grande quanto Deus, e Isaías assemelha o mesmo àquela estrela que é bela por um momento, mas rapidamente é eclipsada pela glória do próprio sol.  Não temos justificativa para tal identificação aqui, assim como não temos em Ezequiel 28, onde o rei de Tiro está em vista.

     Lúcifer é somente o exaltado, porém agora caído rei da Babilônia.

Fontes:
Robert L. Alden, Ph.D.
Bulletin of the Evangelical Theological Society 11:1 (Winter 1968):35-39.
Monergismo.com.
Enciclopédia Champlin.
Bíblia de Estudo Palavras Chave – Hebraico/Grego.
Bíblia de Estudo de Genebra, página 652.

    
   

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