O Livro de Enoque. Pseudepígrafos
Enoque. 3382-3017 a.C. Viveu 365 anos.
- Filho de Jarede, da
linhagem piedosa de Sete, Gn 5.19;
- Pai de Matusalém,
que detém o recorde da mais longa vida registrada na Bíblia, 969 anos. Gn 5.27;
- Andou com Deus. Gn 5.24
- Foi transladado. Gn
5.24; Hb 11.5
OS LIVROS DE ENOQUE
A Bíblia descreve que
Enoque foi arrebatado corporalmente para o céu, e possivelmente em uma posição
de receber elevadas revelações divinas.
Enoque não foi o autor
desses livros. Eles tem importância porque encontramos no Novo Testamento
trechos registrados neles, e apesar de serem considerados obras não canônicas,
algumas partes estão relacionados com a Bíblia.
Há três livros que
estampam o nome Enoque. São eles:
Enoque Etíope (I Enoque)
Esse livro, I Enoque,
também é chamado de Enoque Etíope porque antes da descoberta dos Manuscritos do
Mar Morto, ( Os Manuscritos do Mar Morto são uma coleção de centenas de textos
e fragmentos de texto encontrados em cavernas de Qumran, no Mar Morto, no fim
da década de 1940 e durante a década de 1950. Foram compilados por uma doutrina
de judeus conhecida como Essênios, que viveram em Qumran do século II a.C. até
aproximadamente 70. Porções de toda a Bíblia Hebraica foram encontradas, exceto
do Livro de Ester e do Livro de Neemias. Os manuscritos incluem também Livros
apócrifos e livros de regras da própria seita. Os Manuscritos do Mar Morto são
de longe a versão mais antiga do texto bíblico, datando de mil anos antes do
que o texto original da Bíblia Hebraica, usado pelos judeus atualmente. Atualmente,
estão guardados no Santuário do Livro do Museu de Israel, em Jerusalém.) Ele
era melhor preservado na sua versão Etíope.
Os livros de Enoque
foram uma coletânea complexa de literatura popular judaica. Esse material veio
a ser preservado e dividido em três livros.
Essas obras contêm as
narrativas das visões e experiências místicas de Enoque, o patriarca
antediluviano citado em Gn 5.23,24.
Esses livros são
chamados “pseudepígrafos” por não terem sido escritos pelo verdadeiro autor.
Diferente dos livros apócrifos do Antigo Testamento, que obtiveram posição
canônica na versão da Septuaginta do Antigo Testamento.
Porém, pelo fato de
terem sido preservados, mostra nos que alguns deles eram considerados como inspirados.
Conteúdo
- A vinda do evento
escatológico
- A história dos anjos
caídos;
- A origem dos demônios;
- O problema do mal;
- O dualismo;
- A história das
viagens de Enoque;
- As parábolas de
Enoque;
- O livro dos
luminares celestes;
- O apocalipse dos
animais.
Autoria e Data
Cada seção pode ter
tido um ou mais autores, e a diversidade de materiais dificultam acertar a data
destes livros. As possíveis datas sugeridas seriam antes de 168 A.C., pois não
há nenhuma alusão a perseguição religiosa, como vemos no período dos Macabeus.
I Enoque e o Novo Testamento
O Livro de I Enoque
exerceu considerável influência sobre a literatura do seu período, sobre o Novo
Testamento e sobre os escritos dos primeiros pais da igreja.
Há muitas afinidades
entre esse livro e outros escritos judaicos, como o Livro dos Jubileus, o Testamento
dos Doze Patriarcas, a Assunção de Moisés, II Baruque e IV Esdras.
No Novo Testamento, encontramos estes paralelos específicos:
1. Os evangelhos
sinópticos têm um ponto de vista similar do reino, o que é óbvio mediante a
comparação entre I Enoque 104:4,6 e Marcos 12.18-27; Mateus 22.23-33 e Lucas
20.27-36.
2. A figura messiânica
de Enoque é similarmente descrita, em comparação com o Novo Testamento, sendo
chamado de:
- O Justo (I Enoque 38.2; 4.3; 53.6, comparados com Atos 3.15;
7.52, 22.14);
- O Eleito (I Enoque 40.5; 54.3,4; 51.3,5, comparados com Lucas
9.35 e 23.35);
- O Filho do homem (I Enoque 46.2,3, comparado com Mateus 9.6;
10.23; 11.19; Marcos 2.10; 10.45; Lucas 6.22; 17.22).
- A descida de Enoque ao hades e os anjos caídos tem um paralelo
em I Pedro 3.18 – 4.16.
I Enoque e a Literatura Cristã Posterior – Cânon
Talvez I Enoque tenha sido um dos
setenta livros sagrados da cultura judaica, mencionados em IV Esdras 14:46.
Nesse caso, isso explicaria o seu prestigio, tanto diante dos autores do Novo
Testamento como diante de autores cristãos posteriores. O livro, todavia, nunca
obteve estado canônico.
Há nele algum material bastante
fantástico e muito de pseudociência, de tal modo que, apesar das suas virtudes,
nunca obteve posição canônica. Mas,conforme já vimos, o livro foi largamente
usado pelos autores do Novo Testamento, embora só tenha sido diretamente citado
em Judas 14 e 15.
A Epistola de Barnabé (14:4) parece citar o livro de I Enoque
como se fosse Escritura Sagrada. Comparar esse trecho dessa epístola de Barnabé
com I Enoque 89:56,66.
Tertuliano (160-230 D.C.) pensava,
de modo bem definido, que I Enoque é um livro inspirado e chegou a admirar-se
de que o mesmo tenha sido preservado apesar do dilúvio. Zôzímo de Panõpolis
(século V D.C.) também utilizou-se desse livro como Escritura Sagrada. Bede
reverenciava o livro porque o Novo Testamento chegou a basear-se nele (637-735
D.C.).
A maioria dos pais da Igreja e
autores cristãos posteriores, porém, rejeitaram I Enoque como livro inspirado.
Jerônimo (340-4191 D.C.) e. Agostinho(354-440 D.C.) referiram-se a esse livro
especificamente como um livro apócrifo. E as Constituições Apostólicas (século IV D.C.) concordavam com
esse parecer. Essa opinião também era compartilhada pelo pseudo-Atanâsío e por
Nicéforo (século VIII D.C.).
Porém, na igreja etíope, o livro
foi incluído no seu cânon do Antigo Testamento. A tradição católica alista o
livro como uma obra apócrifa, mas os grupos protestantes tratam no como um
livro pseudepígrafo.
Essa distinção existe porque aquilo
que os protestantes chamam de apócrifo, os católicos romanos chamam de
deuterocanônico,ao se referirem a livros que somente mais tarde vieram a fazer
parte do canôn do Antigo testamento.
NOTA:
HOMOLOGOUMENA – OS LIVROS ACEITOPS POR TODOS, QUE NÃO HAVIAM
DÚVIDAS.
PSEUDEPÍGRAFOS – OS LIVROS REJEITADOS POR TODOS. É IMPORTANTE
DESTACAR QUE NEM TUDOS NESTES LIVROS É FALSO. EXEMPLO DISTO É O LIVRO DE
ENOQUE, CONSIDERADO UM LIVRO PSEUDEPÍGRAFO, PORÉM CITADO EM JUDAS 14 E 15 NO
NOVO TESTAMENTO. O MESMO CASO É SOBRE A MORTE E GLORIFICAÇÃO DE MOISÉS, TAMBÉM
REGISTRADO EM JUDAS NO NOVO TESTAMENTO,
BASEADO NO LIVRO A ASSUNÇÃO DE MOISÉS.
ANTILEGOMENA – OS LIVROS QUESTIONADOS POR ALGUNS.
APÓCRIFOS – OS LIVROS ACEITOS POR ALGUNS.
DEUTEROCANÔNICOS – OS LIVROS DO VELHO TESTAMENTO DECLARADOS
CANÔNICOS PELO CONCÍLIO DE TRENTO, OS QUAIS SE ENCONTRAM NA VERSÃO GREGA
(SEPTUAGINTA), MAS NÃO FAZEM PARTE DO TEXTO HEBRAICO.
Enoque Eslavônico. Livro dos Segredos de Enoque (II Enoque)
I. Caracterização Geral
II Enoque é um livro bastante diferente de Enoque. Essa é outra
obra atribuída a Enoque, o patriarca antediluviano que, naturalmente não escreveu pessoalmente essa obra. Por essa
razão chamamo-la de livro pseudepigrafo (escrito sob um falso nome). Tem
sido preservado em sua versão es1avônica, o que lhe explica o nome Enoque
Eslavônico.
Parece que algumas porções do mesmo foram originalmente escritas
em grego e, outras, em hebraico. Tem algumas caracteristicas que nos fazem lembrar
de I Enoque, embora não haja qualquer conexão real entre esses dois livros.
II Enoque contém sessenta e oito capítulos, os quais, por motivo
de conveniência, podem ser divididos em três seções.
II. Conteúdo
1. Viagens pelos sete céus (1.1-21.5). Enoque foi arrebatado, no
fim de seu período de vida na terra e foi escoltado por anjos em sua viagem
celeste.
No primeiro céu ele viu anjos que
governam as estrelas, bem como os dep6sitos das condições atmosféricas, como a
chuva, o orvalho e a neve.
No segundo céu, ele encontrou uma
situação similar à do hades, onde os anjos são torturados e há profundas
trevas.
No terceiro céu, ele encontrou o
jardim do Éden celestial, o lugar dos bem-aventurados. Comparar com 11 Cor.12:2-4,
onde se lê que Paulo visitou esse terceiro céu, o qual, como é óbvio, não deve
ser identificado com o lugar onde Deus habita. Ao norte desse terceiro céu, havia
um outro lugar similar ao hades, embora ali estivessem pecadores humanos, sendo
atormentados.
No quarto céu seria o lugar do sol
e da lua, onde também seres como a fênix e outros entoam louvores a Deus.
O quinto céu seria o lugar
dos anjos malignos, chamados grigori, os quais, sob a orientação de seu impio
príncipe, Satanail, rejeitaram o Senhor da Luz.
O sexto céu é a residência
dos elevados e santos anjos, e onde está localizado o trono do Senhor. Mas, a presença
de Deus s6 é encontrada no décimo céu.
2. O décimo céu é visitado em II Enoque 21:6-35:3. Esse
décimo céu conta com a presença de Deus.
Ali Enoque foi instruido
quanto ao mistério da criação e da queda de Adão, bem como dos mistérios das
coisas futuras.
3. A volta à terra (II Enoque 35.4-68.7).
Enoque foi enviado de volta à terra a fim de dar instruções a seus
filhos. Ele lhes entregou trezentos e sessenta e seis livros, que escreveu
estando no céu. Tendo cumprido essa tarefa de comunicação. ele foi novamente
arrebatado e levado de volta ao mais alto céu.
III. Crenças refletidas em II Enoque
1. A preexistência da alma. As almas são pintadas como criadas
antes mesmo da criação do mundo físico;
2. Existem céus e infernos que acolhem as almas, após a morte
biológica de seus corpos físicos, tudo dependendo de suas obras boas ou más.
3. As almas foram criadas todas boas, mas caíram por terem sido investidas
com genuíno livre-arbítrio e assim escolheram o mal. A habitação em um corpo físico
surtiu influências prejudiciais, tendo sido parte da causa, se não mesmo a
principal causa da queda no pecado.
4. Os homens receberam cuidadosa instrução sobre os dois
caminhos, mas isso não conseguiu impedi-los de cair no pecado.
5. Há descrições sobre o inferno que são típicas do material
pseudepígrafo e que, em alguns lugares, chegaram a entrar no Novo Testamento.
Essas descrições não foram extraídas do Antigo Testamento e, sim, desses
citados livros. Certos trechos do Novo Testamento ultrapassam essa maneira de
pensar.
O trecho de I Pedro 4:6 (a declaração
final, que dá o sentido da descida de Cristo ao hades) revela-nos que o próprio
julgamento tem por finalidade obter um bom resultado, a saber, doar a vida.
Isso significa que o julgamento é remedial. O livro de II Enoque, entretanto.
não antecipa esse ensino.
6. Hâ muitas instruções éticas excelentes em II Enoque, seguindo
o melhor estilo do Antigo Testamento.
7. O paraíso das almas humanas. Este está localizado no terceiro
céu. que é mencionado ou tem paralelo em II Corintios 12:2-4. Essa era uma
crença aparentemente popular do século I D.C., compartilhada pelo autor de II Enoque
e pelo apóstolo Paulo. Não sabemos qual a fonte original dessa noção.
8. Alguns supõem que o lugar de julgamento dos anjos
maus, no segundo céu, talvez tenha reflexos em Efésios 3:10 e. 6:12, onde
Paulo situa os anjos malignos nos lugares celestiais.
Enoque Hebreu (III Enoque)
Esse livro não é uma
obra antiga, conforme o são I e II Enoque. De fato. o livro pertence à
literatura mistica do judaismo da era medieval. Contém quarenta e oito
capítulos que falam sobre a ascensão do rabino Israel, a fim de receber uma
série de revelações.
O agente dessas revelações foi o
anjo Metatron, - que é o mesmo Enoque, já na vida eterna. Uma doutrina comum
das obras pseudepigrafas é que o maior grau de glorificação humana é tomar-se a
alma um ser angelical. Isso aparentemente é refletido em Lucas 20:36, onde
Jesus diz que os homens tornar-se-ão semelhantes aos anjos.
Isso já seria uma elevada glória;
mas o Novo Testamento ensina-nos que o nosso destino é compartilhar da imagem
do próprio Filho de Deus (Rom. 8:29), mediante a operação transformadora do
Espírito, mediante muitos estágios em gradação (II Cor. 3:18), de tal modo que
chegaremos a compartilhar da própria natureza divina (Col. 2:10; II Ped. 1:4).
Há um encontro com Enoque no sétimo
céu, aparentemente o mais elevado desse livro, ao passo que II Enoque situa a
presença de Deus no décimo céu. As discussões de Enoque sobre a vida de Adão e sobre
a sua própria vida refletem os conceitos de II Enoque e podem ter tido uma
origem hebréia. O livro é atribuido ao rabino Ismael, uma proeminente figura durante
a rebelião de Barcocheba. Este foi líder da revolta dos judeus contra Adriano, Imperador
romano (132-135 D.C.) e que alguns de seus contemporâneos disseram ser o
Messias. um titulo que ele aceitou. Ele desfechou uma longa e corajosa batalha,
mas que, no fim, mostrou ser inútil. Morreu durante a batalha de Betar, em 135
D.C. O rabino Ismael foi uma personagem histórica genuína, embora seja impossível
que ele tenha sido o autor de III Enoque.
Esse livro acha-se preservado
principalmente em um manuscrito pertencente à Biblioteca Bodleiana, em Oxford,
Inglaterra, publicado por Hugo Odebert, em 1928.
Fonte:
Comentário e Enciclopédia Champlin
Introdução Bíblica Norman Geisler e William Nix
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