O Cristão e a Santificação


  
1- A reflexão Bíblica de Santificação no Antigo Testamento

Nas Escrituras, a qualidade da santidade aplica-se primeiramente a Deus. Ele é divino, e portanto, absolutamente distinto das outras criaturas.

A palavra do Antigo testamento para “santificar” é qadash, que nos traz a ideia de separação.

A santificação é aplicada a coisas e pessoas que são colocadas numa relação especial com Deus. A terra de Canaã, a cidade de Jerusalém, o tabernáculo, os sábados e as festas solenes de Israel, todas estas coisas são chamadas santas, visto serem consagradas, separadas a Deus.

A santificação é ordenada por Deus a toda a nação de Israel, considerada como “nação santa”:  Êxodo 19.10-15, 21-24.

“Disse também o Senhor a Moisés: Vai ao povo e purifica-os hoje e amanhã. Lavem eles as suas vestes e estejam prontos para o terceiro dia; porque no terceiro dia o Senhor, à vista de todo o povo, descerá sobre o Monte Sinai.
Marcarás em redor limites ao povo, dizendo: Guardai-vos de subir ao monte, nem toqueis no seu limite; todo aquele que tocar o monte será morto.

            Tempos mais tarde o povo de Israel estava no limiar da terra prometida. Era o momento  de cruzar o Jordão e tomar posse da terra prometida. Mas, havia condições a serem observadas. Josué diz ao povo:

 “Santificai-vos, porque amanhã o Senhor fará maravilhas no meio de vós” (Js 3.5).
 Destacamos à luz desse verso a verdade importante:

1. A santificação é uma ordem expressa de Deus. A ordem de Deus é meridianamente clara: “Santificai-vos”.

2. Sem santificação ninguém pode ver a Deus.

3. Sem santificação não existe comunhão com Deus, pois Deus é luz e só os puros de coração poderão vê-lo face a face. Deus nos chamou do pecado para a santidade. Ele nos salvou do pecado e não no pecado.

4. Aqueles que são de Deus apartam-se do pecado e deleitam-se na santidade. O povo de Deus é um povo santo chamado para a santidade.

5. Somos santos posicionalmente, mas devemos nos santificar processualmente. O mesmo Deus que trabalhou por nós na redenção, trabalha em nós na santificação.

2- A reflexão Bíblica de Santificação no Novo Testamento

A palavra do Novo Testamento para santo é “hagios”. A concepção de santidade e de santificação no Novo Testamento não é diferente da que se vê no Antigo Testamento.

No  exame da inteira santificação como norma da experiência do Novo Testamento, verificamos que era uma purificação do coração do pecado a fim de efetuar dedicação plena de todo o ser a Jesus Cristo. A graça deve expressar-se primeiramente na experiência cristã. A doutrina nem sempre se demonstrará na experiência, mas a experiência se for conservada, sempre há de ser demonstrada na conduta cristã. Deus é uma pessoa, o homem é uma pessoa, e por isso as sua relações são éticas.

            O apóstolo Pedro foi bem objetivo no registro de suas palavras:

Texto: 1 Pedro 1.13-21

“Por isso, cingido o vosso entendimento, (estar firmes no entendimento);
 Sede sóbrios (equilibrados);

 E esperai inteiramente na graça (favor imerecido) que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo; como filhos obedientes;

 Não vos amoldeis (inclinar) às paixões (concupicências, desejos carnais pecaminosos, cobiça) que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai vos santos (separados, consagrados a Deus) também vós mesmos em todo o vosso procedimento; porque escrito está: sede santos, porque eu sou santo.




 “Paixões” ou “concupiscências” refere se às obras da carne.
Concupiscência é o termo utilizado para designar a cobiça ou apreço por bens materiais, assim como os prazeres sexuais. Etimologicamente, este termo se originou a partir do latim concupiscens, que significa “o que tem um forte desejo”, que deriva da palavra concupera, que quer dizer “ter forte desejo”.

 O apóstolo Paulo, ao escrever a sua carta aos Gálatas, deixou bem definido tudo o que esta relacionado às obras da carne:

Texto: Gálatas 5.16-19

1- “Prostituição” (gr. porneia). Imoralidade sexual de todas as formas:
Adultério – Relacionamento sexual fora do matrimônio.
Fornicação – Relacionamento sexual  entre solteiros.
Homossexualismo – Relacionamento sexual entre pessoas do mesmo sexo.
Anomalia Sexual – Relacionamento sexual de humanos com animais.
2- “Impureza” (gr. akatharsia). Tudo o que contamina fisicamente ou moralmente;
3- “Lascívia” (gr. algeseia).  Relativo a sensualidade, devassidão, obsceno;
4- “Idolatria” (gr. eidodolatreia). Adoração à imagens, ídolos;
5- “Feiticarias” (gr. pharmakeia). Espiritismo, magia negra, esoterismo;
6- “Inimizades” (gr. echthra). Antipatia,  ações hostis contra alguém;
7- “Porfias” (gr. eris). Contenda, discussão;
8- “Ciúmes” (gr.dzelos). Ressentimento, inveja amarga de alguém.
9- “Iras” (gr. thumos). Fúria explosiva.
10- “Discórdias” (gr. eritheia). Ausência de concordância, resultando em discussões.
11- “Dissenções” (gr. dichostasia). Divisão, desunião.
12- “Facções” (gr. hairesis). Grupos divididos, seitas, partidos.
13- “Invejas” (gr. fthonos). Desgosto provocado por algo que outro possue.
14- “Homicídio” (gr. phonos). Tirar a vida de alguém por perversidade.
15- “Bebedices” (gr. methe). Descontrole das faculdades físicas e mentais por meio de bebida embriagante.
16- “Glutonarias” (gr. komos). Ato de comer em excesso, ultrapassando o limite da saciedade.

Concluindo, o apóstolo Paulo, após a exposição do que são as obras da carne, deixa bem evidente a posição da Palavra de Deus a tais comportamentos: “E coisas semelhantes a estas, a respeito das quais vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam”.


Comentários

Postagens mais visitadas