Educando os filhos com equilíbrio

Texto: Efésios 6.4 “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor”.

Introdução

Não existe em qualquer sociedade uma instituição que possa comparar-se à igreja no seu potencial de influência sobre a infância e o desenvolvimento familiar. Bem aventurados os filhos cujos pais tem compromisso sério com Cristo. O apóstolo Paulo escreveu esta carta aos efésios dentro do contexto romano do pátria potestas, situação em que os pais tinham pleno direito de vida ou morte sobre os filhos. Algumas verdades são importantes neste texto.
Primeira, os pais tem a responsabilidade de cuidar da vida física e emocional dos filhos.“... mas criai-os...”. Criar, no grego ektrepho, significa nutrir, alimentar, educação.
Segunda, os precisam treinar os filhos para a vida. “...na disciplina...”. A palavra grega paidéia, disciplina, significa treinamento. A disciplina se dá por meio de regras e normas, recompensas e também castigos.
Terceira, os pais são responsáveis pelo encorajamento nos filhos através da palavra. “... na admoestação...” A palavra grega nouthesia, admoestação, significa educação verbal. Isto acontece por meio da comunicação, através do ensino, advertência oui estímulo.
Quarta, os pais são responsáveis pela educação cristã dos filhos. “... do Senhor...”. A expressão “do Senhor” revela que os responsáveis pela educação cristã dos filhos não são: o Estado, a Escola e nem mesmo a Igreja, mas os próprios pais. Os pais devem preocupar-se para que os filhos sejam não apenas submissos, mas que tenham verdadeira comunhão com Deus.


Como os pais provocam a ira nos filhos?

A personalidade da criança é delicada e os pais podem abusar de sua autoridade. O excesso ou a ausência de autoridade podem provocar a ira e também o desânimo nos filhos. A Bíblia ensina que a autoridade dos pais não deve ser imposta pela força, mas através do exemplo. Vejamos algumas situações que podem provocar a ira dos filhos:

1    1- O uso de linguagem torpe e grosseira;
2-      Repreensão através da humilhação;
3-      O favoritismo dos pais por um dos filhos;
4-      Disciplina cruel e excessiva;
5-      Falta de confiança;
6-      Ordens irracionais;
7-      Regras desnecessárias;
8-      Viver de maneira incoerente ao que é exigido dos filhos;
9-      Críticas excessivas;
10-   Comparação com outras pessoas, causando o complexo de inferioridade;
11-   Falta de consideração quanto às suas capacidades;
12-   Exigência de objetivos elevados demais para eles.

O Caminho correto para uma boa educação

1    1-    Relacionamento antes de regras. Regras sem relacionamento equivalem à rebeldia. Muitas vezes precisamos abandonar as regras e começar a construir um relacionamento. A paternidade deve ser alicerçada na amizade. O relacionamento afetivo entre pais e filhos é importante para a formação da personalidade da criança.

2-      Não economize afeto e nem contato corporal. A criança pode ser alimentada efetivamente para depois ter afeto para dar.

3-      Evite dar  armas de brinquedo, pois a criança pode gostar do suposto poder que a arma traz.

4-      Não superproteja seus filhos. Permita que eles aprendam pelo próprio esforço, mesmo que as vezes eles falhem. Falhar faz com que eles superem os desafios da vida.

5-      Não estimule a relação de posse. Incentive as crianças a dividirem seus brinquedos na companhia de outras crianças.

6-      Não isole seus filhos. Incentive a participação de atividades de grupo, pois facilitará na vida adulta o convívio social.

7-      Ser pai/mãe é ser modelo. Permita-se admitir estar errado, quando falharem na presença dos filhos.

8-      Eles precisam de pais ao alcance, e não de ídolos distantes.

9-      Permita-se dar toda atenção ao filho, ao invés de dizer “agora não tenho tempo”.

10-   Seja um participante frequente na vida deles. Isto pode evitar as companhias indesejadas.

11-   Treinamento espiritual. O lar é a espinha dorsal da sociedade, e os lares cristãos estáveis são construídos conforme a orientação contida na Bíblia.

12-   Enriquecimento conjugal. Quando os casamentos são bons e progressivos, causam influência positiva nos filhos, produzindo estabilidade e segurança no lar.


Saiba quando dizer não

Escolha os "nãos" que você vai dizer. Pense quais são os pontos realmente importantes, de que você e sua família não abrem mão: a hora do sono? A comida? Situações que colocam em risco a segurança da criança, os bons modos, o respeito aos mais velhos? Não dá para dizer "não" o tempo todo e as crianças experimentam e fazem pequenas besteiras. Você pode deixar passar as bobagens ou tratá-las de modo menor. Mas algumas coisas, as realmente importantes, têm de estar bem marcadas e claras.

Um não para cada idade

"Cada idade tem seus "nãos". Uma criança de 3 anos pede "nãos" e consequências mais contundentes e imediatas que uma criança de 6 ou 7 anos, que já consegue negociar e já não faz tanto uso da birra. Já o adolescente precisa de "nãos" e consequências muito claras, pré-combinadas e justas".

Cuidado com as birras

Birras em público parecem ser as "preferidas" das crianças, porque a probabilidade de os pais cederem é maior. As crianças sabem disso e os pais ficam com muita vergonha. "Nestas situações, o melhor é se retirar para um local o mais privativo possível, abaixar, segurar seu filho pelos braços com firmeza, mas sem machucar, pedir para ele olhar nos seus olhos e dizer o que ele precisa fazer, por exemplo: parar de gritar, não se jogar no chão, etc.",. Ao dizer um não, o tom de voz, a altura de que você fala e a linguagem tem de ser clara. Depois de deixar claro isso, tente chamar a atenção da criança para outra coisa.

Seja firme e coerente

"A melhor forma de dizer um não para o seu filho é apenas dizê-lo quando você estiver seguro de que é um não mesmo, que não vai virar um sim depois", diz a psicóloga Rosana Augone. Ou seja, é preciso ter coerência ao dizer não, para que a criança possa ir aprendendo. Não dá para proibir uma coisa um dia e, no outro, por estar cansado ou para não armar uma briga, ceder.

Fiscalize suas ordens

Existem situações em que a criança "pede" o não, testa se aquele combinado é para valer e quer saber se os seus pais estão prestando atenção nela, se estão vendo que ela está ou não cumprindo o combinado. Ela quer ouvir de novo aquele não de seus pais para reafirmar o que é certo e sentir-se segura. Essa é a hora de não titubear.

Tolere a raiva

É normal seu filho ficar com raiva de você ao receber um não. Respeite essa raiva. Tolere-a. Saiba que isso faz parte de sua educação e que aprender a ouvir não e lidar com eles fará dele uma pessoa mais feliz e flexível.

Não sinta culpa

Não se deixe levar pela culpa, achando que você tem de dar mais, fazer mais pelo seu filho. Mas esteja lá quando puder. Se você tem pouco tempo para estar com seu filho, faça desse tempo um tempo de qualidade, estando de mente e corpo presente. "Muita gente faz de conta que brinca com o filho, mas na verdade está olhando mensagens no celular ou pensando em coisas de trabalho". Dê atenção à criança e, quando não puder, diga claramente que naquele momento não dá.

As influências de fora

Às vezes, seu filho quer muito algo (ir a uma festa, assistir a um determinado programa ou ganhar um objeto caro, por exemplo). E todos os outros pais da escola, mesmo que alguns até achem inadequado, cederam. "Não é nada fácil fugir da influência da mídia e dos outros", diz a psicóloga Rosana Augone. "Mas explicar ao seu filho porque você está dizendo aquele não, porque você não concorda com a maioria e deixar claro como sua família pensa e no que credita é da maior importância para a construção moral dele".

Os Pais ensinam pelo empenhoDeuteronômio 6.7-9 “E as intimaras a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te”. Criar filhos não é tarefa fácil. Demanda esforço e perseverança. O exemplo é o fundamento do ensino, mas não substitui o ensino. Os pais precisam inculcar na mente dos filhos a verdade. Inculcar é falar e tornar a falar. É ensinar e tornar a ensinar. É repetir à exaustão as mesmas coisas. Pais omissos ou preguiçosos não darão conta de tamanha responsabilidade. Criar filhos para a glória de Deus demanda tempo, esforço e abnegação.

Disciplina, ato de amorProvérbios 3.12 “Porque o Senhor repreende a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem”. A disciplina é uma demonstração de amor. A disciplina é um chamado ao discipulado. Em Provérbios 22.6 a palavra de Deus nos afirma: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele”.

A Disciplina tem limitesProvérbios 19.18 “Castiga a teu filho, enquanto há esperança, mas não te exceda a ponto de matá-lo”. Os extremos na disciplina devem ser evitados. O propósito da disciplina é a formação do caráter e não o esmagamento da autoestima. Os pais não devem fazer vistas grossas à rebeldia dos filhos, pois contribuirão para a ruína deles. Precisamos temperar disciplina com encorajamento; firmeza com doçura; repreensão com consolo.


Vara da Disciplina pode salvarProvérbios 23.13,14 “Não retires da criança a disciplina... Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno”. Muitos educadores são contrários a qualquer forma de disciplina. Disciplina não é espancamento. A criança entregue a si mesma, sem regras, sem limites tornar-se-á um adulto mimado e indisciplinado. A vara da disciplina tem como propósito livrar a criança da morte e do inferno. Um indivíduo desregrado, sem domínio próprio, morre precocemente e perde não somente a sua vida, mas também a sua alma.


Fonte / Bibliografia
129 Sermões Esboçados – Josué Gonçalves


Cada Dia. Criando os filhos para a Glória de Deus – Hernandes Dias Lopes

Como dizer Não. Educar para Crescer – Editora Abril

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