O que está errado com a teologia da prosperidade?
Uma das razões pela qual os evangélicos têm dificuldade em perceber o que está errado com a teologia da prosperidade é que ela é diferente das heresias clássicas, aquelas defendidas pelos mórmons e "testemunhas de Jeová" sobre a pessoa de Cristo, por exemplo. A teologia da prosperidade é um tipo diferente de erro teológico. Ela não nega diretamente nenhuma das verdades fundamentais do Cristianismo. A questão é de ênfase. O problema não é o que a teologia da prosperidade diz, e sim o que ela não diz.
Teologia da prosperidade (também conhecida como Evangelho da prosperidade) é uma doutrina religiosa cristã que defende que a bênção financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a fé, o discurso positivo e as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. Baseada em interpretações não-tradicionais da Bíblia, geralmente com ênfase no Livro de Malaquias, a doutrina interpreta a Bíblia como um contrato entre Deus e os humanos; se os humanos tiverem fé em Deus, Ele irá cumprir suas promessas de segurança e prosperidade. Reconhecer tais promessas como verdadeiras é percebido como um ato de fé, o que Deus irá honrar.
Seus defensores ensinam que a doutrina é um aspecto do caminho à dominação cristã da sociedade, argumentando que a promessa divina de dominação sobre as Tribos de Israel se aplica aos cristãos de hoje. A doutrina enfatiza a importância do empoderamento pessoal, propondo que é da vontade de Deus ver seu povo feliz. A expiação (reconciliação com Deus) é interpretada de forma a incluir o alívio das doenças e da pobreza, que são vistas como maldições a serem quebradas pela fé. Acredita-se atingir isso através da visualização e da confissão positiva, o que é geralmente professado em termos contratuais e mecânicos.
Histórico
Crenças perigosas. Tais pensamentos não ficaram restritos ao passado, pois a humanidade adora especulações (Ec 7.29). Para se entender o surgimento da Teologia da Prosperidade, é preciso conhecer um pouco da história de Phineas Parkhurst Quimby (1802 – 1866), criador do chamado “Novo Pensamento”. Quimby estudou espiritismo, ocultismo, parapsicologia e hipnose e, além de panteísta e universalista, acreditava também que o homem tem parte na divindade. Por isso, defendia que o pecado e a doença existem apenas na mente. Mary Baker Eddy (1821 – 1910), fundadora da “Ciência Cristã”, tornou-se discípula de Quimby após ser, supostamente, curada por ele."
Foi durante os avivamentos de cura dos anos 1950 que a teologia da prosperidade ganhou proeminência nos Estados Unidos, apesar de especialistas terem ligado suas origens ao Movimento Novo Pensamento. Os ensinamentos da teologia da prosperidade mais tarde ganharam proeminência no Movimento Palavra de Fé e no televangelismo dos anos 1980. Nos anos 1990 e 2000, foi adotada por líderes influentes do Movimento Carismático e promovida por missionários cristãos em todo o mundo, levando à construção de megaigrejas.
Líderes proeminentes no desenvolvimento da teologia da prosperidade incluem E. W. Kenyon, e Kenneth Hagin.
Os líderes do Movimento Pentecostal do início do século XX não adotavam uma teologia da prosperidade. Essa doutrina começou a ganhar forma dentro do movimento durante as décadas de 1950 e 1940, através dos ensinamentos dos ministérios de libertação e de evangelistas curadores pentecostais. Combinando ensinamentos sobre a prosperidade com o avivamento e a cura pela fé, tais evangelistas professaram as "leis da fé ('peça e será atendido') e as leis da reciprocidade divina ('dê e lhe será dado de volta')".
A teologia da confissão positiva
Os enfoques teológicos da confissão positiva estão todos (ou quase todos) em torno de três vertentes, representadas pela sigla SDD - Saúde, Doença e Dinheiro. Na visão dos adeptos dessa teologia, a doença é consequência da falta de fé e a pobreza não condiz com o verdadeiro cristão. Somado a tudo isso, há uma obsessão pelo sobrenatural, buscando entender a origem dos males, espiritualizando tudo e dando créditos ao diabo.
Os enfoques teológicos da confissão positiva estão todos (ou quase todos) em torno de três vertentes, representadas pela sigla SDD - Saúde, Doença e Dinheiro. Na visão dos adeptos dessa teologia, a doença é consequência da falta de fé e a pobreza não condiz com o verdadeiro cristão. Somado a tudo isso, há uma obsessão pelo sobrenatural, buscando entender a origem dos males, espiritualizando tudo e dando créditos ao diabo.
Saúde
Na teologia da prosperidade não há espaço para doenças. Os adeptos da confissão positiva usam muito o texto bíblico de Isaías 53:4-5 como base para afirmar que a salvação da alma e a saúde física estão totalmente garantidas na morte de Cristo na cruz. Como esse conceito que entrou no Brasil veio dos Estados Unidos, e quase todos os pregadores remetiam aos ensinos de Kenneth Hagin, as pregações de cura divina tomaram corpo e cresceram (e crescem) abruptamente no país.
Dinheiro
Em contraste com os pentecostais, que preferiram seguir numa extremidade não considerando a busca pelas riquezas uma atividade virtuosa, para não se tornarem cristãos materialistas, os adeptos da confissão positiva (neopentecostais) consideravam o dinheiro uma bênção a ser buscada, um aliado do cristão na busca pela felicidade e prosperidade no mundo.
Diabo
A igreja evangélica, a partir de 1980, passou a ficar fascinada pelas forças do mal, bem como pelas formas de combatê-las. Com isso, surgiram no Brasil vários ministérios centrados na batalha espiritual, na cura interior e na libertação. O Diabo passou a ter seu lugar garantido no culto, seja no início, durante ou no final da liturgia. Geralmente, ele é apresentado como causador do fracasso, da doença, da miséria, dos vícios, do adultério e das brigas entre casais. Resumindo, tudo passou a ser “culpa do diabo”.
Os Erros da Teologia da Prosperidade
§ Ela está certa quando diz que Deus tem prazer em abençoar seus filhos com bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que qualquer bênção vinda de Deus é graça e não um direito que nós temos e que podemos revindicar ou exigir dele.
§ Ela acerta quando diz que podemos pedir a Deus bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que Deus tem o direito de negá-las quando achar por bem, sem que isto seja por falta de fé ou fidelidade de nossa parte.
§ Ela acerta quando diz que devemos sempre declarar e confessar de maneira positiva que Deus é bom, justo e poderoso para nos dar tudo o que precisamos, mas erra quando deixa de dizer que estas declarações positivas não têm poder algum em si mesmas para fazer com que Deus nos abençoe materialmente.
§ Ela acerta quando diz que devemos dar o dízimo e ofertas, mas erra quando deixa de dizer que isto não obriga Deus a pagá-los de volta.
§ Ela acerta quando diz que Deus faz milagres e multiplica o azeite da viúva, mas erra quando deixa de dizer que nem sempre Deus está disposto, em sua sabedoria insondável, a fazer milagres para atender nossas necessidades, e que na maioria das vezes ele quer nos abençoar materialmente através do nosso trabalho duro, honesto e constante.
§ Ela acerta quando identifica os poderes malignos por detrás da opressão humana, mas erra quando deixa de identificar outros fatores como a corrupção, a desonestidade, a ganância, a mentira e a injustiça, os quais se combatem, não com expulsão de demônios, mas com ações concretas no âmbito social, político e econômico.
§ Ela acerta quando diz que Deus costuma recompensar a fidelidade mas erra quando deixa de dizer que por vezes Deus permite que os fiéis sofram muito aqui neste mundo.
§ Ela está certa quando diz que podemos pedir e orar e buscar prosperidade, mas erra quando deixa de dizer que um não de Deus a estas orações não significa que Ele está irado conosco.
Ela acerta quando cita textos da Bíblia que ensinam que Deus recompensa com bênçãos materiais aqueles que o amam, mas erra quando deixa de mostrar aquelas outras passagens que registram o sofrimento, pobreza, dor, prisão e angústia dos servos fiéis de Deus.
§ Ela acerta quando destaca a importância e o poder da fé, mas erra quando deixa de dizer que o critério final para as respostas positivas de oração não é a fé do homem mas a vontade soberana de Deus.
§ Ela acerta quando nos encoraja a buscar uma vida melhor, mas erra quando deixa de dizer que a pobreza não é sinal de infidelidade e nem a riqueza é sinal de aprovação da parte de Deus.
§ Ela acerta quando nos encoraja a buscar a Deus, mas erra quando induz os crentes a buscá-lo em primeiro lugar por aquelas coisas que a Bíblia constantemente considera como secundárias, passageiras e provisórias, como bens materiais e saúde.
Bibliografia Consultada
ROMEIRO, Paulo. Decepcionados com a Graça: esperanças e frustrações no Brasil neopentecostal. São Paulo-SP: Mundo Cristão, 2005;
ROMEIRO, Paulo. SUPERCRENTES: O Evangelho Segundo Keneth Hagin, Valnice Milhomens e os Profetas da Prosperidade. 7ª Ed., São Paulo-SP: Mundo Cristão, 1995;
ROMEIRO, Paulo. Evangélicos em Crise. Decadência doutrinária na igreja brasileira. 2ª Ed., São Paulo: Mundo Cristão, 1999;
MATOS, Alderi Souza de. Raízes históricas da teologia da prosperidade. Artigo publicado pela Revista Ultimato e disponível na internet via WWW, através da URL:
WIKIPEDIA.org. Teologia da Prosperidade.
Augustus Nicodemus – O que há de errado na Teologia da Prosperidade – Blog “O Tempora”
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