A EPÍSTOLA DE JUDAS - Primeira parte

        

   
      Judas é uma forma  do nome judaico Judá, Servo; isto é, escravo, alguém à disposição de Jesus Cristo para seu serviço. No Novo Testamento, há vários homens com este nome. Entre os apóstolos aparecem dois: Judas Iscariotes, o traidor, e Judas Tadeu, “irmão de Tiago” (Lucas 6.16; Atos 1.13). “Irmão de Tiago”, segundo a ARC, e “filho de Tiago”, segundo a ARA. 

     A autoria da epístola foi muito questionada nos dias da igreja primitiva, surgindo assim  argumentos favoráveis e contrários de quem poderia ter a escrito. Para um melhor esclarecimento, citaremos os argumentos pró e contra a autoria desta epístola como sendo atribuída ou não a Judas, o irmão do Senhor.

OS ARGUMENTOS CONTRÁRIOS

     O autor parece tentar identificar-se como irmão do Senhor, ligando-0 a Tiago, mas o testemunho antigo é que as coisas não foram realmente assim, pelo que teríamos a frente um pseudopígrafo, isto é, rejeitados por todos. Alguns entendem como esta sendo uma obra forjada, desonesta, sendo difícil a aceitação pelos discípulos.

     Muitos escritores anônimos surgiram com a vinda do Senhor Jesus Cristo. Estes, com humildade escreveram vários evangelhos, vários atos, várias epístolas e vários apocalipses, que traziam nomes famosos de cristãos primitivos, como os apóstolos. Porém, com estes, surgiram também muitos livros espúrios e heréticos. Por esta razão, muitos consideram esta epístola como um livro pseudopígrafo. 

     É assim considerado porque nesta carta é mencionados trechos do livro apócrifo de Enoque: versículo 14-16: “E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: “Eis que é vindo o Senhor com os milhares de seus santos...”.

OS ARGUMENTOS FAVORÁVEIS

     Quanto ao testemunho antigo, vemos que esta epístola fora recebida no canôn das Escrituras no século IV D.C. Jerônimo reconheceu seu caráter genuíno, mas observa que em consequência de citar o Livro de Enoque e A Assunção de Moisés, era rejeitado pela maioria. 

     Mas tal rejeição não tinha bases objetivas e históricas. Eusébio a classifica entre a antilegômena, isto é, um livro questionado por alguns, e acrescenta que esta carta, ou epístola era publicamente usada pela maioria das igrejas.
     Tem recebido grande apoio a interpretação que identifica o autor com o Judas mencionado como um dos irmãos de Jesus (Mateus 13.55; Marcos 6.3). Durante a vida terrestre de Jesus, seus irmãos não criam nele (Mateus 12.46; Marcos 3.31; Lucas 8.19; João 7.3-9). 

     Entretanto, tempos depois, os mesmos são encontrados entre os discípulos (Atos 1.14), e Tiago tornou-se um dos líderes mais destacados da igreja em Jerusalém (Atos 15.13; 21.18; Gálatas 2.9). Desta maneira, muitos julgam que esta breve carta seja da autoria de Judas, o irmão do Senhor.

DATA E DESTINO

     Considerando Judas, irmão do Senhor como o autor da epístola, não pode ser datada depois do ano 70 D.C.. Provavelmente, Judas não viveu mais que isso. Em caso contrário, o começo do século II D.C. seria uma boa indicação acerca da data. 

     Quanto ao destino, não se pode afirmar com certeza o local da origem da epístola. A epístola de II Pedro incorpora muita da epístola de Judas. Se declararmos que a epístola de Pedro teve proveniência romana, seria razoável afirmar que a epístola de Judas proveio dali também. Porém, considerando Judas, irmão do Senhor, o autor da epístola, sua procedência seria em Jerusálem, na Palestina.

     Devemos observar também que no primeiro versículo, o autor inicia a carta com uma saudação: “aos chamados, amados em Deus e guardados”, não indicando quem seja os leitores. Por esta razão, considera-se a epístola católica, universal, não visando uma comunidade específica, mas a igreja inteira, em todos os lugares, onde houver a necessidade de confrontar os falsos mestres e seus ensinamentos contraditórios à palavra de Deus.

A IMORALIDADE DOS MESTRES GNÓSTICOS

     Judas versículo 4: “Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo”. 

     Os gnósticos criam que a matéria é o princípio do mal, e assim o corpo, que é matéria, é o princípio do mal no homem. Acreditavam que o espírito não se corrompe com aquilo que é feito através do corpo, tal como não se perde sua pureza,

     Assim sendo, a imoralidade, depravação, libertinagem, irrestrição, era algo comum e normalmente aceito.
Segundo eles, a graça de Deus, seu infinito perdão gratuito, permiti que pratique o mal.

JULGAMENTO DOS ISRAELITAS INFIÉIS

     Judas versículo 5: “Mas quero lembrar vos, como a quem já soube isto, que, havendo o Senhor salvo um povo, tirando-os a terra do Egito, destruiu, depois os que não creram”.
Judas adverte os israelitas que no passado, a privilegiada nação de Israel veio à ruína devido à sua incredulidade. Seus mestres tinham sido fiéis, conheciam a verdade, mas nem mesmo isso poderia impedi-los da ruína, se persistissem nos caminhos dos rebeldes.

     “Como a quem já soube isto”. É clara a intenção de Judas em advertir os verdadeiros cristãos. Todos os que servem a Deus devem entendem que o juízo recai sobre aqueles que abandonam a fé e tornam-se amigos deste mundo ímpio (1 João 2.15).





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