O
que é a canonicidade?
A
história da canonização da Bíblia é um assunto de grande importância. Trata-se
de um conjunto de livros escritos e compilados ao longo de quase dois mil anos.
É o segundo grande elo da corrente que vem de Deus até nós. A inspiração é o
primeiro pelo qual a Bíblia recebeu sua autoridade: a canonização é o processo
pelo qual a Bíblia recebeu sua aceitação definitiva. Uma coisa é um profeta
receber uma mensagem da parte de Deus, mas coisa bem diferente é tal mensagem
se reconhecida pelo povo de Deus. Canonicidade é o estudo que trata do
reconhecimento e da compilação dos livros que nos foram dados por inspiração de
Deus.
Definição de Canonicidade
A
palavra canôn é de origem cristã derivada do grego Kanõn ( cana, régua ), que por sua
vez, se origina do hebraico Kaneh, palavra do Antigo Testamento que significa
“vara ou cana de medir” . Mais tarde veio a significar regra de fé e,
finalmente, catálogo ou lista.Mesmo em época anterior ao cristianismo, essa
palavra era usada de modo mais amplo, com sentido de padrão ou norma (Ezequiel
40.3; Gálatas 6.16).
O Desenvolvimento do
Canôn do Antigo Testamento
As origens do canôn do Antigo
Testamento estão envolvidas em profundo mistério. Diz-se que Moisés, antes de
morrer, escreveu um livro da lei e mandou que os levitas o pusessem ao lado da
arca para que ali esteja por testemunha (Deuteronômio31.26). Neste livro da lei
ordenava-se que o futuro rei, quando se assentar no trono de seu reino,
escreverá para si um traslado desta lei num livro. E o terá consigo, e nele
lerás todos os dias da sua vida (Deuteronômio 17.18,19).
Há três elementos básicos no
processo de canonização da Bíblia: a inspiração de Deus; o reconhecimento da
inspiração pelo povo de Deus e a coleção dos livros inspirados pelo povo de
Deus.
Inspiração de Deus
Foi Deus quem deu o primeiro passo nesse
processo, quando de início inspirou o texto. Assim a razão mais fundamental por
que existem 39 livros no Antigo Testamento é que somente esses livros foram
inspirados por Deus.
Reconhecimento por parte do povo de
Deus
No
momento em que Deus houvesse autorizado e autenticado um documento, os homens
de Deus o reconheciam. Esse reconhecimento ocorria de imediato, por parte da
comunidade a que o documento fora
destinado originalmente. A partir do momento que o livro fosse copiado e
circulado, este passava a fazer parte do
canôn. Os escritos de Moisés foram aceitos e reconhecidos em seus dias (Êxodo
24.3), como também os de Josué (Josué 24.26), os de Samuel (1 Samuel 10.25) e
os de Jeremias (Daniel 9.2).
Coleção e preservação pelo povo de Deus
Os
judeus entesourava a Palavra de Deus. Os escritos de Moisés eram preservados na
arca (Deuteronômio 31.26). A Lei de Moisés foi preservada no templo nos dias de
Josias (2 Reis 23.24). Daniel tinha uma coleção dos “livros” nos quais se
encontravam “a lei de Moisés” e “os profetas” (Daniel 9.2,6,13). Esdras possuía
cópias da lei de Moisés e dos profetas (Neemias 9.14,26-30).
A diferença entre os livros canônicos e
outros escritos religiosos
Nem
todos os escritos religiosos dos judeus eram considerados canônicos pela
comunidade do povo. É óbvio que havia certa importância religiosa em alguns
livros primitivos como o livro dos justos (Josué 10.13).
Os livros apócrifos dos judeus, escritos após o encerramento do período do Antigo Testamento (400 a.C.) têm significado religioso definido, mas jamais foram considerados canônicos pelo judaísmo oficial. A diferença essencial entre os livros é que os canônicos são normativos (têm autoridade), ao passo que os apócrifos não são autorizados.
Os livros inspirados exercem autoridade sobre os crentes; os não inspirados poderão ter algum valor devocional ou para a edificação espiritual, mas jamais devem ser usados para definir ou demilitar doutrinas. Os livros divinamente inspirados e autorizados são o único fundamento para a doutrina.
Os livros apócrifos dos judeus, escritos após o encerramento do período do Antigo Testamento (400 a.C.) têm significado religioso definido, mas jamais foram considerados canônicos pelo judaísmo oficial. A diferença essencial entre os livros é que os canônicos são normativos (têm autoridade), ao passo que os apócrifos não são autorizados.
Os livros inspirados exercem autoridade sobre os crentes; os não inspirados poderão ter algum valor devocional ou para a edificação espiritual, mas jamais devem ser usados para definir ou demilitar doutrinas. Os livros divinamente inspirados e autorizados são o único fundamento para a doutrina.
Encerramento do
Cânon do Antigo Testamento
O
Cânon do Antigo Testamento, foi encerrado por Esdras e seus companheiros, por
volta do ano 400 a.C. A nação judaica foi levada cativa para a Babilônia.
Quando o povo voltou para Israel, voltaram com grande respeito pelas Escrituras
e pelos seu líderes: Zorobabel, Esdras, Neemias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Esdras, o líder da segunda seção da volta do cativeiro, não somente era um
sacerdote, mas também um hábil escriba (Esdras 7.6,11,12,21; Neemias
8.1,4,8,13; 12.26,36). Os últimos escritores do Antigo Testamento foram Neemias
e Malaquias. Todos os 39 livros do V. T. foram escritos antes dos 430 anos a.C.
Desde então, como testifica o historiador Josefo, nada foi acrescentado ao
Canôn do Antigo Testamento.
O Cânon do Novo
Testamento
A
formação do cânon do Novo Testamento também se processou gradualmente,
estendendo-se por um considerável período de tempo: os primeiros quatrocentos
anos da igreja na era cristã.
No ano 400, toda a dúvida sobre os livros do Novo Testamento havia desaparecido por completo. Em II Pedro 3.16, encontramos evidências de uma coleção primitiva das Epístolas Paulinas. Paulo requer em Colossenses 4.16 que uma vez lida esta epístola perante vós, providenciai por que seja lida na igreja de Laodicéia.
Há certa evidência que as epístolas aos Efésios e aos Romanos foram originalmente escritas em forma de cartas circulares. É fácil de compreender que as igrejas primitivas preservariam as epístolas que lhes foram dirigidas e teriam em alto apreço as cartas circulares que lhes integravam as próprias coleções.
A primeira vez que ser menciona um cânon definido do Novo Testamento é pelo ano 140 d.C.
No ano 400, toda a dúvida sobre os livros do Novo Testamento havia desaparecido por completo. Em II Pedro 3.16, encontramos evidências de uma coleção primitiva das Epístolas Paulinas. Paulo requer em Colossenses 4.16 que uma vez lida esta epístola perante vós, providenciai por que seja lida na igreja de Laodicéia.
Há certa evidência que as epístolas aos Efésios e aos Romanos foram originalmente escritas em forma de cartas circulares. É fácil de compreender que as igrejas primitivas preservariam as epístolas que lhes foram dirigidas e teriam em alto apreço as cartas circulares que lhes integravam as próprias coleções.
A primeira vez que ser menciona um cânon definido do Novo Testamento é pelo ano 140 d.C.
As três razões
principais para se formar um Canôn do Novo Testamento
O estímulo eclesiástico à lista dos canônicos
A igreja primitiva tinha necessidades internas e externas
que exigiam o reconhecimento dos livros canônicos. Internamente havia a necessidade
de saber que livros deveriam ser lidos nas igrejas, de acordo com a prática
prescrita pelos apóstolos para a igreja do Novo Testamento (1 Tessalonissenses
5.27). Do lado de fora da igreja estava a necessidade de saber que livros
deveriam ser traduzidos para as línguas estrangeiras das pessoas convertidas.
Sem uma lista dos livros reconhecidos e aprovados, seria difícil para a igreja
primitiva a execução dessa tarefa.
O estímulo teológico à lista dos
canônicos
Visto
que toda a Escritura era proveitosa para a doutrina (2 Timóteo 3.16,17),
tornou-se cada vez necessário definir os limites do legado doutrinário
apostólico. A necessidade de saber que livros deveriam ser usados para ensinar
a doutrina com autoridade divina tornou-se questão que exercia pressão cada vez
maior, por causa da multiplicidade de livros heréticos que reivindicavam
autoridade divina.
Quando o herege Marcião publicou uma lista abreviada dos livros canônicos, tornou-se premente a necessidade de uma lista completa dos livros canônicos.
Quando o herege Marcião publicou uma lista abreviada dos livros canônicos, tornou-se premente a necessidade de uma lista completa dos livros canônicos.
O estímulo político à lista dos
canônicos
As
forças que pressionavam a canonização culminaram na pressão política que passou
a influir na igreja primitiva. As perseguições de Diocleciano representavam um
forte motivo para a igreja definir de vez a lista dos livros canônicos. De
acordo com o historiador cristão Eusébio, ouve um edito imperial da parte de
Diocleciano ordenando que as Escrituras fossem destruídas pelo fogo.
Não deixa de ser irônico que 25 anos antes o imperador Constantino se converter ao cristianismo e dera a ordem a Eusébio para que se preparassem e se distribuíssem cinquenta exemplares da Bíblia. A perseguição motivou um exame sério da questão dos livros: quais eram canônicos e deveriam ser preservados.
Não deixa de ser irônico que 25 anos antes o imperador Constantino se converter ao cristianismo e dera a ordem a Eusébio para que se preparassem e se distribuíssem cinquenta exemplares da Bíblia. A perseguição motivou um exame sério da questão dos livros: quais eram canônicos e deveriam ser preservados.
Algumas
concordâncias entre os livros canônicos
Gênesis 1.1 – “No princípio, criou Deus os céus e a
terra”.
Salmos 19.1 – “Os céus e a terra manifestam a glória de
Deus”
Êxodo 6.6 – “Portanto, dize aos filhos de Israel: Eu sou
o Senhor, e vos tirarei de debaixo das cargas dos egípcios, vos livrarei da sua
servidão e vos resgatarei com braço estendido e com juízos grandes”.
Salmos 44.1 – “Ó Deus, nós ouvimos com nossos ouvidos, e
nossos pais nos têm contado os feitos que realizaste em seus dias, nos tempos
da antiguidade”.
Miquéias 5.2 – “E tu, Belém Efrata, posto que pequena
entre as milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas
origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”.
Mateus 2.1 – “ E, tendo nascido Jesus em Belém da Judéia,
no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusálem”.
Atos 7. 1-50 – “ Estevão: o sermão do Antigo Testamento”.
Bibliografia:
- Teologia Elementar
– Emery H. Bancrof;
- Introdução Bíblica
– Norman Geisler;
- Introdução à
Teologia Cristã – H. Orton Wiley e Paul T. Culbertson
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